sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pablo Aimar


Pablo, Pablito Aimar
Que a glória voltará!
Como Eusébio e Rui Costa
Outro dez imortal!

Nascido a 3 de Novembro de 1979, Pablo Aimar começou a iluminar os relvados mundiais ainda antes de completar 17 anos, estreando-se na Primeira Divisão Argentina a 11 de Agosto 1996. Logo nesse ano, ganhou uma Copa Libertadores pelo River Plate, logrando ainda vencer mais 4 campeonatos argentinos, somando 82 jogos e 46 golos que lhe valeram o epíteto de “novo Marodona”, atribuído pelo próprio Diego Armando.

As brilhantes prestações ao serviço do clube argentino valeram-lhe a transferência para o Valencia, que na altura se afirmava como terceiro clube espanhol, tentando quebrar a hegemonia dos gigantes Real Madrid e Barcelona. Aimar esteve simplesmente soberbo nas primeiras épocas ao serviço do Valencia, liderando o clube à conquista de duas Ligas Espanholas e uma Taça Uefa. No entanto, uma série de malfadadas lesões atiraram-no para fora dos relvados, levando o Valencia a aceitar uma proposta do Zaragoza para a sua transferência. Na capital aragonesa, as lesões continuaram a persegui-lo e Aimar nunca atingiu o nível a que nos havia habituado nos seus primeiros anos em Espanha. Era o declínio prematuro da carreira de um dos mais geniais jogadores da última década do futebol mundial.

Até que chegamos ao dia 11 de Maio de 2008, epílogo de uma época sem chama do Sport Lisboa e Benfica, em que somos ultrapassados pelo Sporting na recta final do campeonato após perdermos uma vantagem pontual considerável e somos copiosamente batidos em Alvalade na meia-final da Taça de Portugal. Nessa tarde de Maio, despede-se do futebol um dos meus ídolos de infância (a par do Menino de Ouro, João Vieira Pinto, escorraçado do clube pelo pior presidente da sua história) o nosso grande Maestro de seu nome Rui Costa.

Felizmente para todos os benfiquistas, o Rui larga o equipamento no domingo e na segunda de manhã veste o fato e gravata e apresenta-se nos gabinetes da Luz, assumindo o lugar de director desportivo para o futebol. Uma das primeiras missões do Rui Costa no novo cargo é encontrar um sucessor à sua altura, um número 10 capaz de galvanizar os adeptos e preencher o vazio deixado pelo Maestro. A tarefa não se adivinhava fácil. Após alguns rumores, um nome salta nas capas dos jornais desportivos: Pablo Aimar! Recordo-me de na altura pensar que seria tudo conversa para vender jornais, que era bom demais o Benfica contratar alguém do calibre do mago argentino. No entanto, a notícia vai-se repetindo nos dias seguintes, tornando-se cada vez mais real à medida que o tempo decorre. Foram duas a três semanas de ansiedade crescente, a acordar todos os dias pela manhã e a dirigir-me num ápice a um computador para me colocar a par de todos os novos desenvolvimentos acerca dessa possibilidade fantástica que seria contar com Aimar no Sport Lisboa e Benfica. Até que finalmente o sonho se tornou realidade: Rui Costa viajou até Saragoça e convenceu pessoalmente Aimar a envergar o Manto Sagrado!

A partir daí todos conhecemos a história: após uma primeira época intermitente, marcada por algumas lesões e um treinador que não soube retirar o máximo rendimento das suas capacidades, com Jorge Jesus ao leme Aimar reencontrou a magia, guiando o Sport Lisboa e Benfica à mais brilhante época dos últimos 17 anos. O genial El Mago estava de volta! Todo aquele vendaval ofensivo de futebol de alto quilate girava à volta de Pablito, sendo que o que mais impressionava naquela equipa era a maestria com que o argentino desenvolvia as transições ofensivas. Hei-de recordar para sempre o golo que nos abriu as portas do título 2009/2010, o segundo ao Sporting na Luz, em que após passe de calcanhar de Ramires, Aimar corre isolado em direcção à baliza, sentando Rui Patrício e picando a bola sobre um desesperado carrinho de Carriço!

Mesmo na época passada, em que o Sport Lisboa e Benfica ficou aquém dos objectivos que os seus pergaminhos exigem, Aimar foi dos que mais lutou contra a maré, jogando e fazendo jogar, correndo como se tratasse de um miúdo de 20 anos acabadinho de sair dos juniores e com muitas “ganas” de mostrar serviço. Imagino o que não lhe terá custado assistir da bancada ao desbaratar da hipótese de jogarmos a final da Liga Europa. Aliás, começámos a perder essa meia-final no momento em que o astro argentino é admoestado com o amarelo que o retira do jogo da segunda mão.

Já esta época, Aimar ainda não atingiu o fulgor com que nos deliciou nas épocas anteriores. De qualquer maneira, com ele em campo a equipa parece outra e já aconteceu em diversos jogos Jesus tomar a decisão de o poupar e logo o futebol do Benfica se ressentir desse facto. Existem diversos jogadores espectáculo no mundo, daqueles que valem o preço do bilhete por si só. Depois, existem aqueles que se contam pelos dedos das mãos e que muitas vezes abdicam dos holofotes da fama, porque são generosos ao ponto de se sentirem recompensados por tornarem os outros melhores jogadores. Aimar é um deles.

Como se isto não bastasse, a somar à sua enorme categoria futebolística, Pablo é um cavalheiro fora do relvado. Recordo, entre outras, uma entrevista na época passada ao programa Zona de Decisão na Benfica TV, em que as suas palavras foram capazes de me deslumbrar tanto ou mais que os passes magistrais que efectua no terreno de jogo.

Apelo ao Presidente Luís Filipe Vieira para que saiba continuar a aproveitar tudo aquilo que de fantástico Pablo Aimar tem para oferecer ao Sport Lisboa e Benfica. Na minha opinião, renovava-se já o contrato de jogador profissional por mais um ano com outro de opção. Depois, pegava-se no cargo que estava reservado para o Nuno Gomes e oferecia-se ao Aimar. Julgo que numa fase inicial pós-carreira futebolística, Aimar funcionaria bem como relações públicas do Benfica (um pouco à semelhança do papel de Luís Figo no Inter de Milão) ou então como coordenador da formação encarnada, como transmissor aos miúdos da mística e dos valores que são o pilar do nosso enorme clube.

Finalizando, deixo-vos com as palavras do verdadeiro El Mago, aquando da sua homenagem na passada segunda-feira, que ilustram na perfeição o jogador que mais admiro na história contemporânea do Sport Lisboa e Benfica:

"Espero poder corresponder a tanto carinho. Hoje o mister falava no balneário que os meus companheiros tinham que vir e que era bom para mim que eles viessem mas eles homenageiam-me todos os dias na forma como me tratam e como me respeitam, tanto o corpo técnico como todos no clube. Todos no Benfica sempre me trataram bem e espero poder corresponder e merecer metade do carinho que sempre me deram."




Muito obrigado por tudo, Pablo!

Saudações benfiquistas
comments