sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os portugueses, a mística e o 12º Jogador

Numa temporada em que se têm ouvido bastantes vozes críticas à falta de portugueses no plantel do Benfica e ao que isso representa no desvanecer da famosa mística benfiquista, julgo ser importante sabermos distinguir entre a importância de ter portugueses no balneário e o que de facto se pode designar de mística do Benfica.

Se me perguntarem se gostaria de ver mais portugueses no meu clube, obviamente diria que sim. Mas no futebol e conjuntura actual, prefiro ter um plantel composto por uma grande maioria de estrangeiros, porque isso significa que temos uma equipa mais forte, mais capaz e mais próxima de ganhar títulos no final da época.

Infelizmente, os jogadores portugueses com nível aceitável para representar o Sport Lisboa e Benfica são poucos e muito caros e cedo são retirados das suas origens por clubes pertencentes a mercados mais fortes economicamente. Um bom exemplo desta situação é o nosso vizinho da 2ª circular, que nos últimos anos tem sido o clube que envia mais jogadores à selecção nacional e não ganha um charuto no final da época. Já Benfica e Porto, com um número de estrangeiros bastante superior, têm tido épocas de sucesso nos anos mais recentes.

Afirmam os críticos que é importante ter portugueses no balneário para transmitirem a mística aos mais novos. Não concordo. Aos mais novos tem de ser transmitida a raça, o querer e a ambição de ganhar sempre, cada vez mais e mais. E parece-me que temos actualmente no plantel jogadores como Luisão, Aimar ou Maxi Pereira, que não sendo portugueses estão perfeitamente habilitados a liderar o balneário e a incutirem nos jogadores mais inexperientes a necessária sede de vitórias.

Em termos de mística, partilho a opinião do lendário Béla Guttmann. O verdadeiro transmissor da mística do Benfica é português de gema, embora aceite de bom grado outras nacionalidades, é o nosso 12º jogador e possui essa característica tão especial de conseguir empurrar os outros 11 jogadores dentro de campo rumo à vitória. Assino por baixo a definição de mística benfiquista do mestre húngaro:

"Chove? Faz Frio? Faz Calor? Que importa? Nem que o jogo seja no fim do mundo, entre as neves das serras ou no meio das chamas do inferno... Por terra... Por mar... Ou pelo ar, eles aí vão, os adeptos do Benfica atrás da equipa... Grande... Incomparável... Extraordinária... Massa associativa!"

Deixo-vos também o magnífico vídeo que vale bem mais que mil palavras:


E que enormes demonstrações de mística assistimos nos últimos dois jogos! Em Old Trafford e no Estádio da Luz contra o Sporting, o nosso 12º jogador protagonizou grandes exibições, motivando elogios de Presidente, treinador e jogadores e carregando a equipa para dois excelentes resultados!

Dito isto, convém referir que nos cabe a nós, o 12º jogador, cumprir a mais importante das missões inerentes à nossa condição benfiquista: transmitir a mística do Benfica! Enchendo o Estádio da Luz, percorrendo quilómetros nas deslocações aos outros estádios, apoiando em todos os jogos como se a nossa vida disso dependesse e ensinando aos nossos filhos e netos o porquê de só existir no mundo um estádio com o epíteto de Inferno, o da Luz!

Viva o Benfica!
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